sexta-feira, 21 de agosto de 2015

Perto de tudo. Longe de tudo.

O Alentejo sempre me fascinou. A calmaria e o aproveitar do dia. O sol, o calor, o deserto que se adia, a imensidão que nos atrai. Dizer numa hora o que se resume em cinco minutos. Há muitos anos andei por lá, e não os entendi. As gentes do Alentejo! A pasmaceira. O demorar no espaço e nas horas, resignadamente, no calor abrasador. Mas ficou o fascínio. A curiosidade. Desde sempre. Este ano voltei, sem ser de mochila às costas, mas com vontade de ir e ver. Tratar a curiosidade por tu e avançar trilhos fora.
Sei, (sem saber) o que nos levou ao Zmar. Há sempre motivos e razões que nos levam a este ou àquele sítio, quando na verdade o Zmar aconteceu porque tinha que ser. Não é que estivesse escrito nas estrelas, mas é perfeito para o que queríamos saborear. Perto de tudo o que queríamos fazer. Longe de tudo o que nos distrai a mente do que acontece à nossa volta (dentro de nós, sabem?)
No alpendre do Zmonte, podemos saborear o pôr do sol sobre os montes alentejanos, enquanto ouvimos os burros a zurrar, incomodados com as ovelhas, e a luz da lua se reflete no lago. O lago dos cisnes e dos patos felizes. É uma calmaria do campo, com o cheiro característico do Alentejo, que nos deixa com o sentimento que pertencemos àquele sítio, naquela hora. E, quando a luz finalmente se esbate, com o céu escuro (já não corado!), refletem-se no lago os quadradinhos dourados das Zvillas ou dos Zqualquercoisa que se encontram do outro lado. Parece um quadro para guardarmos no coração, daqueles que tem cheiros e sons e risos entrelaçados nas conversas.
É este quadro que me invade muitas vezes a mente. O mais simples de todos. Feliz. Fascinou-me e fez-me entender. As gentes, essas, do Alentejo.

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