quinta-feira, 27 de agosto de 2015

Chego a casa e descalço as sapatilhas. Aquelas do treino. Meias rosa porque a vida precisa ter cor, meias pretas porque afinal há alguma seriedade na vida. Apercebi-me hoje que é este momento, em que os meus pés estão descalços e as sapatilhas jazem descoordenadas no chão, o momento. Aquele em que eu me auto-avalio e me apercebo. O que fiz, o que poderia ter feito mais, o que poderia ter feito melhor. O que progredi. O que regredi. Por vezes sorrio. Outras não. Ocasionalmente caem algumas lágrimas. Tudo faz parte...
Eu não sei porque sou tão exigente comigo própria. Porque é que procuro a perfeição dentro dos parâmetros que defino e ignoro tudo o que fica aquém. Não é bem ignorar. Falhar tem um sabor amargo, do qual eu preciso para seguir em frente no dia seguinte, mais focada. Mais motivada. Não gosto desse sabor, nem deste sentimento, mas aprendi a abraçá-lo e a percebê-lo. De um modo que reconheço que por vezes, mais vale ignorá-lo. E tentar de novo amanhã. Ou depois. Ou depois. Dar tempo ao tempo e não desistir! 
Acredito que a vida é semelhante ao desporto. Ainda que colorida, deve ter aquela pitada de seriedade. Por isso vos escrevo hoje... Porque às vezes os dias são cinzentos. Mas se aprendermos a olhar os raios de sol que se escapam das nuvens, e acreditarmos o suficiente... Bem, se não desistirmos dos nossos sonhos: tudo pode acontecer! Não é?!! 

sexta-feira, 21 de agosto de 2015

Perto de tudo. Longe de tudo.

O Alentejo sempre me fascinou. A calmaria e o aproveitar do dia. O sol, o calor, o deserto que se adia, a imensidão que nos atrai. Dizer numa hora o que se resume em cinco minutos. Há muitos anos andei por lá, e não os entendi. As gentes do Alentejo! A pasmaceira. O demorar no espaço e nas horas, resignadamente, no calor abrasador. Mas ficou o fascínio. A curiosidade. Desde sempre. Este ano voltei, sem ser de mochila às costas, mas com vontade de ir e ver. Tratar a curiosidade por tu e avançar trilhos fora.
Sei, (sem saber) o que nos levou ao Zmar. Há sempre motivos e razões que nos levam a este ou àquele sítio, quando na verdade o Zmar aconteceu porque tinha que ser. Não é que estivesse escrito nas estrelas, mas é perfeito para o que queríamos saborear. Perto de tudo o que queríamos fazer. Longe de tudo o que nos distrai a mente do que acontece à nossa volta (dentro de nós, sabem?)
No alpendre do Zmonte, podemos saborear o pôr do sol sobre os montes alentejanos, enquanto ouvimos os burros a zurrar, incomodados com as ovelhas, e a luz da lua se reflete no lago. O lago dos cisnes e dos patos felizes. É uma calmaria do campo, com o cheiro característico do Alentejo, que nos deixa com o sentimento que pertencemos àquele sítio, naquela hora. E, quando a luz finalmente se esbate, com o céu escuro (já não corado!), refletem-se no lago os quadradinhos dourados das Zvillas ou dos Zqualquercoisa que se encontram do outro lado. Parece um quadro para guardarmos no coração, daqueles que tem cheiros e sons e risos entrelaçados nas conversas.
É este quadro que me invade muitas vezes a mente. O mais simples de todos. Feliz. Fascinou-me e fez-me entender. As gentes, essas, do Alentejo.

quarta-feira, 5 de agosto de 2015

Garra: paixão!

O que acontece na cabeça de um campeão no momento em que entra na arena e é tempo de acção? Acredito que vencer é coisa de quem se eleva além de si, e está disposto a arriscar mais um pouco além do racional. Além do que acredita ele próprio conseguir. Coisa de quem se eleva e se supera: (para) além de si mesmo. Anulando medos. Incrementando vontades. Certezas. Na sua zona de conforto, um campeão move o mundo, fora dela... transforma-o! No dia-a-dia de nós, comuns mortais, acredito ser possível incrementar força no que fazemos, pela simples paixão de fazer o que fazemos, e fazê-lo melhor que ninguém. Já imaginaram a possibilidade de mover o mundo na nossa zona de conforto? E de transformá-lo, fora dela? É demais (não vos parece?)!
Há algo inerente a todos nós, independentemente da nossa raça, credo, do que fazemos. Aquilo que amamos fazer, temos tendência a fazer mais. A fazer melhor. A dispor de tempo suficiente a repetir desalmadamente um processo até à exaustão até que eventualmente sejamos relativamente bons naquilo que fazemos. Neste momento: podem estar a pensar no vosso trabalho ou num hobbie... O que quer que seja, tenho a certeza que é algo onde imprimem o vosso ser. Algo que faz com que o tempo corra, mas que fique sempre igual. Apenas vocês ficam melhores. O que quer que seja que vos faz ficar assim, nesse mundo perfeito onde não há tempo nem espaço: vale a pena! E se deixarem a vossa mente navegar pela imensidão de pessoas que vocês conhecem, aquelas que amam a vida e amam o que fazem, saltam na vossa memória. Como pipocas! Não é? O brilho no olhar, o sorriso no canto do lábio, as piadas no final de um dia exaustivo (mas que passou sem dar por isso)!
Na verdade, eu não sei o que acontece na cabeça de um campeão. Muito menos no momento em que entra na arena e é tempo de acção. Sei apenas uma coisa. Nunca vi um único campeão, que não tivesse esse brilho no olhar. Esse de quem ama o que faz.