quinta-feira, 6 de novembro de 2014

Momentos que (não) definem pessoas

Olhamos para os outros e esperamos. Esperamos atitudes e modos de agir. Criamos expectativas, sobre um castelo de areia construído bem juntinho ao mar; e quando as ondas as abatem violentamente... ficamos tristes. Revoltados. Exasperados.
Nunca somos o que esperam de nós. Podemos transformar-nos em mais. Ou ficar bem aquém do esperado. Mas nunca (nunca!) somos aquilo que esperam de nós. Porquê? Simples... simples! Quanto tempo demora até conheceres verdadeiramente alguém? Nem uma vida toda! O 'eu' deste momento, é diferente de mim há dez anos atrás, e diferente também daqui a dez anos... Quem diz dez, diz dois... Tanto (nos) muda em tão pouco tempo! As expectativas que fazes, nos míseros dias em que conheces alguém, não podem refletir toda a sua vivência passada... Sabes lá quantas vezes chorei e porquê... Sabes lá o sentido deste humor negro, deste frio modo de ser! O que se esconde por trás dos nossos muros, nem sempre é perceptível... e todos temos tendência a proteger o nosso lado lunar. O que está, afinal, escondido no nosso discurso?
É bem verdade que é mais feliz quem não pensa muito. Quem saboreia momentos, como quem saboreia morangos. Ou um waffle com chocolate. Salta de momento em momento, sendo pleno. Mas sente? Atreve-se a sentir ou vive em modo automático? Será (que é mesmo feliz)?

quarta-feira, 29 de outubro de 2014

Perspetiva.

Sim ou sopas. Opções. Se racionalmente pudesses escolher o que te acontece... o que escolherias? Qual é a tua primeira ideia? Imagina que poderias escolher mudar uma única coisa na tua vida. O que seria? Curavas a doença crónica da tua mãe? Ias ter o emprego dos teus sonhos? Realizarias uma viagem louca à volta do mundo? Aposto (aposto!) que há tanta coisa que desejas! Acontecimentos do passado anulados. Problemas reduzidos a migalhas! O que escolherias?

quinta-feira, 16 de outubro de 2014

A porta fechou aos solavancos por trás de mim. ''Não és a pessoa que conheci um dia'', ouvia ainda ao longe como que a murmurar, como que a gritar para que os meus sentidos acordassem daquele limbo silencioso. Não resultou e segui indiferente pelo dia fora, como quem não percebe que, num mísero minuto, tudo acabou. Horas descontraídas. Gargalhadas sincronizadas. Mãos entrelaçadas em dias frios e cinzentos. Dias infinitos de alegria comum, transformadas em indiferença no olhar. Fizemos maratonas vertiginosas para entregar mais um projecto e vender mais uma casa. E a vida correu, correndo connosco para longe um do outro.

quarta-feira, 1 de outubro de 2014

Deambulando pelo Porto numa tarde solarenga de Setembro

Sente-se a estação que muda. O ar é quente e o vento não é fresco... Até parece Verão! A cada passo, o recomeço.
Setembro sempre simbolizou o início do ano para mim. É de 31 de Dezembro para 1 de Janeiro que delineio objectivos, mas é em Setembro que avalio o ano. Os planos. Os objectivos. Para onde (por onde!) seguir. Aqui e ali testemunha-se a mudança. Estudantes na praxe vendem patas de galinha (a sério que venderam uma por 20€?), casais dão a mão enquanto se ouve a batida de uma música brasileira incoerente com o momento. Turistas esperam para entrarem nos barcos que deambulam sobre o Douro. E eu caminho.
Passa-me pela cabeça tanta coisa que aconteceu durante este ano. Os planos que tinha, realizados a 95%. Bem bom, para quem mudou a sua vida em tantos aspectos. Tanto mudou. Tão bom! É tanto permanece igual, só que melhor. O que é delicioso. À minha volta, nas outras pessoas, acho que Setembro talvez funcione de modo semelhante. Em vez de escolhermos canetas e cadernos, olhamos para nós e vemos a nossa evolução espelhada no tempo. Em momentos. Em escolhas. Em avanços e retrocessos.
Os amigos que surgiram e os que perdemos. Os que gostaríamos de poder manter por perto, mas que por um motivo ou outro não conseguimos... Talvez seja demasiado difícil para suportar. Os que se mantêm perto mas que sabemos... de amigos, têm apenas a curiosidade. Ou o interesse... Ou aqueles que se revelaram demasiado diferentes do que pensávamos (ou seriam os meus óculos cor-de-rosa que olhavam para eles com ar de sonho e boa vontade?). E os que gosto mais: os de sempre! São de sempre, ainda que os conheça há um mês ou há dez anos. Querem sempre saber como estamos, e se o nosso sorriso é mesmo sincero. E partilham, até os momentos mais efémeros e estranhos das suas vidas connosco. E nós com eles! São estes, os que fazem sentido, e fazem tudo valer a pena! São a eterna surpresa e maravilha da vida!
Tanto mudou, que eu não mudei nada. Cozinho mais um pouco. Recomecei os treinos. Tenho imensos planos, e hão-de surgir algumas desculpas. Daquelas sentidas. Algumas hão-de ser reais (a tal da contratura!): tão reais que chateiam que 'tolhe', mas que já ninguém leva a sério. Nem mesmo eu! Gosto mais de rir, e suporto cada vez menos mentiras. Adoro batalhas pessoais e seguir de perto homens comuns que se erguem das cinzas contra tudo e contra todos. Vou sempre amar desafios!
É Setembro nesta cidade. E no meu coração é Primavera. Os dias passam mais rápido, mas os momentos são mais vividos, e duram mais. Gosto da minha vida assim.

quinta-feira, 25 de setembro de 2014

 Saudade. Daquela miudinha que nos faz morrer, mas sorrir por cada momento que passou. Que nos rasga um bocadinho, e que enquanto rasga liberta todo o amor que nos liga a alguém que partiu. Aquela que surge sem saber de onde, porque o sol brilhou ou o vento nos afagou o cabelo. O carro vermelho que, ao passar, nos lembra aquele momento específico em que cantávamos enquanto atravessávamos uma rua. Mas a saudade, a que não dói. Aquela que resulta de um luto inesperado e que, com os dias, e as horas que passam incansavelmente, se transforma em agridoce. Amarga porque existe e é irremediável. Doce porque algo existiu que mudou a nossa vida para sempre. É esta a saudade que sinto quando penso na minha avó. Até já, Avó!