segunda-feira, 27 de abril de 2015

Valor_

Vivemos dias curtos, embora longos nos afazeres. O tempo é de calma, e o mundo de confusão. Estabelecemos um ritmo, mas então é esse ritmo que acelera e que nos define. Tudo muda, a todo o segundo. E, no entanto, tanto parece igual. Tudo até, talvez. Um dia dás conta e decidiste ser tu e viver para ti. Ter a tua calma, a tal calma na alma. Os planos não têm assim tanta importãncia, até porque agora fazes o que te dá na real gana. O que apetece. Rodeias-te das pessoas que querem estar presentes na tua vida, e das coisas que amas fazer. E o resto? A vida não se faz de restos, por isso, nem interessa. Vives em paz com a constatação de que há pessoas que adoras e admiras, mas cujo percurso não é próximo do teu. E continuas a adorá-las e a admirá-las por todo o seu percurso de coragem e bem-viver, porque são inspiradoras para ti, mas não precisas necessariamente de as ter por perto. Não mesmo. É que o tempo não dá para tudo. Não podes ir a todos os sítios que queres. Não podes alimentar todas as amizades que gostarias de alimentar. Nem estar com todas as pessoas que marcaram a tua vida mas seguiram rumos diferentes. Não mesmo. E então, vais fazendo escolhas. Estás com quem queres e quer estar contigo. Nos dias bons e nos dias maus. Para a galhofa e para as lágrimas. Aquelas pessoas que literalmente te aturam e se preocupam contigo. E ficas feliz. Sabiam que há demasiada gente que não tem (nem!) uma pessoa assim na vida! Triste. Mas não para ti. Tu sentes-te bem com o que tens, e o que te falta nem faz assim tanta falta. Curioso, não é?

quinta-feira, 9 de abril de 2015

Hey you, pick me up!

Pelo caminho do local onde construo sorrisos até ao local onde o meu sorriso se refaz e completa, são dois minutos, no meu carrinho de menininha. Saio da clínica ainda a pensar no que tenho a fazer, nos casos do dia, nas piadas, ironias e nos comportamentos dos meus miúdos, mas o meu pensamento facilmente dispersa e se dirige para a box. A Openbox. Curiosamente, penso sempre mais ou menos no mesmo. Nunca sei qual é o treino do dia e, como tal, vagueio sobre o que me apetece fazer mais. E menos. E aquele treino do qual vou fu-gir-a-se-te-pés! Nunca fujo, ainda que não apeteça.
E entretanto chego. Ouve-se a música cá fora, e já se ouvem barras a cair pelo chão. É um som que é familiar e me faz sorrir, mais ou menos como o som dos compressores da cadeira ou o som da turbina (é impressionante como podemos adorar coisas que outros odeiam, não é?).
Não me é fácil distanciar-me daquilo que está perto, e é por isso que me faltam as palavras. É que no momento em que iniciamos o treino, o mundo desaparece. Ficas só tu e o teu treino. A tua postura, o peso que vais usar, as mãos transpiradas imersas em pó e o suor que se vai espalhando por tudo o que é lugar. É apenas nisso que pensas. O mundo desaparece e fica o desafio. Fazeres aquilo a que te propões, usando os meios que tens ao dispor. E fica uma ténue linha, que por vezes se esborrata, e não consegues perceber se és tu que estás a fazer o treino ou se é ele que te faz a ti. Te faz mais forte. Te faz mais focado. Te faz mais perspicaz. Te faz mais. Mais! E, na mesma dimensão, seja pela libertação de adrenalina ou endorfinas, ou pela satisfação que a superação te traz, o teu dia fica mais completo, melhor.
Não quero fazer poesia acerca disto do Crossfit, até porque parece que isto é coisa de duros. Mas é que são duros daqueles com brilho no olhar e bondade no coração. Duros daqueles que dá gosto. Os que têm uma palavra amiga e sabem sempre o que dizer. E, ainda que não saibam, estão lá.  E isso basta, sabiam?
A Openbox tornou-se um porto seguro e uma forma de navegar no meio dos imprevistos do dia-a-dia. Naquelas ondas demasiado fortes que nos lançam ao mar. Tão fundo que, quando abrimos os olhos, não sabemos se a superfície fica para cima ou para baixo. Naquelas ondas simpáticas de Verão. Tão doces que nos fazem rir de sol a sol. As marés da vida.
Inevitavelmente, inesperadamente, esta box tornou-se parte de mim. Ufa! Ainda bem.